Com o fim dos especiais interativos da Netflix e a saturação das distopias tecnológicas, o Google decidiu olhar para o outro lado da moeda. A gigante da tecnologia está planejando entrar no mercado de streaming com um projeto ambicioso e inusitado: produzir filmes e séries com uma visão positiva sobre o impacto da tecnologia — uma espécie de “anti-Black Mirror”.
A ideia faz parte da iniciativa chamada 100 Zeroes, desenvolvida em parceria com a Range Media Partners (responsável por Um Completo Desconhecido e Longlegs: Vínculo Mortal). O foco? Criar narrativas que mostrem como a tecnologia pode melhorar o mundo — ao contrário da abordagem sombria e crítica da série britânica que virou sinônimo de ficção especulativa distópica.
Enquanto Black Mirror retrata futuros em que a tecnologia agrava o pior da natureza humana, o Google pretende apresentar o lado luminoso das inovações digitais. A proposta é dialogar principalmente com o público jovem, que tem se afastado das redes sociais e mostrado um certo desencanto com o universo tech.
A empresa quer mostrar que há esperança em meio ao caos digital — e que nem toda IA precisa ser vilã, nem todo algoritmo precisa ser manipulador. Segundo o Business Insider, o Google está especialmente interessado em conectar esses projetos a seus próprios produtos (como smartphones Android), mas sem transformar tudo em puro marketing. A ideia, ao menos em teoria, é desenvolver histórias que inspirem e despertem empatia — usando a tecnologia como aliada, e não como ameaça.
Mas e os roteiros? Ainda não sabemos.
Até o momento, nenhuma produção específica foi anunciada como parte do 100 Zeroes. O projeto está em seus primeiros estágios, e resta saber como o Google vai equilibrar sua mensagem institucional com a necessidade de contar boas histórias. Afinal, uma série otimista não precisa ser utópica — e otimismo demais também pode soar como propaganda disfarçada.
Mesmo assim, o movimento é interessante, especialmente após o encerramento oficial da era interativa da Netflix. Com Bandersnatch e Kimmy vs. the Reverend fora do catálogo desde o dia 12 de maio, há uma lacuna criativa que o Google parece disposto a ocupar — mas com uma abordagem diferente.
