Halina Reijn é uma cineasta que vem consolidando seu nome ao explorar temas complexos e universais. Em Babygirl (2024), seu mais recente trabalho, Reijn se volta para a dinâmica de poder e a busca pela liberdade sexual feminina, utilizando o formato de um thriller erótico para subverter clichês e propor um olhar diferenciado sobre o gênero. Com Nicole Kidman no papel principal.
Um thriller erótico com uma perspectiva diferente
Ao contrário da figura clássica da femme fatale, frequentemente associada à sedução destrutiva, Romy (Kidman) é apresentada como uma mulher prisioneira de seu alto padrão de vida. CEO de uma empresa de tecnologia, ela é a personificação da mulher “perfeita”: bem-sucedida, casada e com uma imagem impecável. No entanto, por trás dessa fachada, esconde-se uma personagem repleta de medos e desejos reprimidos, que encontra no envolvimento com um jovem estagiário (Harris Dickinson) a oportunidade de explorar suas fantasias e questionar seu papel social.
Reijn faz questão de deslocar o foco tradicional do olhar masculino no gênero erótico. Desde a cena de abertura, em que Romy finge um orgasmo com o marido, até seu interesse por conteúdo pornográfico que explora domínio e submissão, o filme deixa claro que a narrativa é sobre as experiências e desejos da protagonista, não sobre como ela é percebida por outros.
Erotismo, cinismo e limitações
Embora a premissa seja intrigante, Babygirl não se compromete totalmente com a tensão sexual e a provocação que promete. Em vez disso, Reijn adota uma abordagem mais cômica e artificial, deixando de lado a tensão que poderia ter tornado a narrativa mais desconcertante. O resultado é um filme que fica aquém do esperado tanto como thriller quanto como exploração de erotismo, muitas vezes parecendo mais inspirado por fanfics ou pelo tom superficial de Cinquenta Tons de Cinza.
Os diálogos entre Romy e o estagiário, que deveriam transmitir provocação e duplo sentido, soam bobos e pouco desenvolvidos. Apesar disso, a interpretação de Kidman se destaca. Ela mergulha de cabeça em uma personagem complexa, tornando convincente sua jornada de autodescoberta e subversão de papéis tradicionais.
Inspirações e simbolismos
Reijn não esconde suas inspirações em clássicos como Instinto Selvagem e De Olhos Bem Fechados. Contudo, ao tentar reinventar a abordagem do thriller erótico, ela acaba esbarrando em uma narrativa anticlimática e pouco ousada. Mesmo assim, elementos estilísticos, como a trilha sonora composta por Cristobal Tapia de Veer, dão um charme ao filme, ainda que não sejam suficientes para preencher as lacunas deixadas pela falta de tensão.
Nota: 3/5
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