As produções O Brutalista e Emilia Pérez estão no centro de um debate acalorado no universo cinematográfico. Ambos os filmes, concorrendo ao Oscar 2025, utilizaram inteligência artificial para modificar vozes e melhorar sotaques e performances musicais de seus atores, reacendendo a discussão sobre os limites éticos e criativos do uso dessa tecnologia no cinema.
Como a IA foi aplicada?
Em O Brutalista, dirigido por Brady Corbet, o software Respeecher foi usado para aperfeiçoar os sotaques húngaros de Adrien Brody e Felicity Jones, protagonistas da trama. O longa conta a história de László Tóth, um arquiteto húngaro fictício que emigra para os EUA após a Segunda Guerra Mundial. Embora Brody seja filho de uma húngara na vida real, sua pronúncia não atingiu as expectativas da produção.
Para corrigir isso, o editor Dávid Jancsó utilizou sua própria voz como base para ajustar os fonemas dos atores, defendendo que a atuação principal ainda era deles. “Sem o Respeecher, o filme estaria empacado”, declarou Jancsó. No entanto, a intervenção levanta a questão: até que ponto a atuação permanece autêntica com o uso de tecnologias como essa?
Já Emilia Pérez, dirigido por Jacques Audiard, usou a IA para aprimorar o canto da atriz Karla Sofía Gascón. A tecnologia mesclou a voz de Gascón com a da cantora francesa Camille, co-autora das músicas do filme, para ampliar o alcance vocal da atriz. Assim como em O Brutalista, o uso do Respeecher foi essencial para o resultado final, mas também trouxe à tona críticas.
O Que é Respeecher?
A Respeecher é uma empresa de IA ucraniana especializada na edição e clonagem de vozes. A tecnologia ganhou notoriedade ao recriar a voz de James Earl Jones como Darth Vader, com autorização do ator. Desde então, a ferramenta vem sendo amplamente utilizada em produções de Hollywood, incluindo a recriação da voz de Nixon no curta In Event of Moon Disaster.
Nem todos os cineastas estão adotando a tecnologia. O filme Herege, por exemplo, termina com uma mensagem afirmando que nenhuma IA generativa foi utilizada em sua produção. Essa postura pode indicar uma tendência de valorização das produções “livres de IA”, principalmente em um momento em que os debates éticos sobre a tecnologia estão em alta.
Críticos sugerem que, em vez de recorrer a ferramentas como o Respeecher, produções deveriam contratar atores cuja língua materna corresponda à dos personagens, garantindo mais realismo. No entanto, defensores da IA argumentam que essas soluções ajudam a superar limitações práticas e criativas, expandindo o que é possível contar no cinema.
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