Assistir a um filme com grande expectativa pode ser um jogo perigoso. Às vezes, o burburinho em torno de uma produção aumenta nossas esperanças, apenas para nos deixar desanimados. Foi o que aconteceu com Imaculada, terror estrelado por Sydney Sweeney, que chegou ao Brasil cercado de relatos de espectadores que passaram mal durante as sessões e uma fama de ser “o terror do ano”. No entanto, ao contrário do que foi prometido, o filme entrega mais uma jornada de suspense com toques de gore do que uma verdadeira experiência aterrorizante.
O enredo e o contexto
Imaculada segue a história de Cecilia, uma jovem noviça que, após sobreviver a um afogamento na infância, acredita que está predestinada a um propósito divino. Sua fé a leva a aceitar um convite para morar em um convento em Roma, onde ela começa a vivenciar pesadelos perturbadores e visões sinistras. O enredo toma um rumo ainda mais chocante quando Cecilia descobre que está grávida, mesmo sem nunca ter tido relações, o que faz com que as freiras ao seu redor a tratem como a nova Virgem Maria.
Com essa premissa, o longa-metragem de Michael Mohan tenta criar um ambiente sombrio, explorando os mistérios e horrores do misticismo religioso. No entanto, o problema de Imaculada está em sua execução.
A estética do choque
Embora o filme consiga estruturar sua narrativa e desenvolver alguns de seus símbolos religiosos de maneira interessante, ele falha em criar uma atmosfera verdadeiramente assustadora. Grande parte do desconforto vem de cenas gráficas de gore — torturas, sangue e violência, que acabam ficando repetitivas e previsíveis. O terror psicológico, que deveria ser o ponto alto da produção, acaba diluído, o que pode desapontar aqueles que esperavam uma obra com mais tensão e menos choque pelo choque.
A protagonista, Sydney Sweeney, é um dos poucos elementos que realmente sustentam o filme. Sua performance como Cecilia, uma jovem devota que lentamente se vê confrontada por forças sinistras, é convincente e envolvente. Sweeney consegue transitar de forma orgânica entre a inocência e o desespero, destacando-se em meio a uma trama que se esforça para chocar mais do que aterrorizar.
Mais suspense do que terror
Embora Imaculada consiga prender a atenção, criando curiosidade sobre o desfecho da trama, a verdadeira essência do terror acaba ficando em segundo plano. Ao invés de assustar o espectador com sutileza, o filme recorre a cenas excessivamente gráficas, o que pode tornar a experiência cansativa.
Se você gosta de terror que aposta em imagens perturbadoras e cenas fortes, Imaculada pode funcionar para uma noite de suspense. Mas se você busca algo mais psicológico, profundo e aterrorizante, talvez seja melhor ajustar suas expectativas antes de assistir.