O filme Close, dirigido por Lukas Dhont, se destaca como um drama sensível e devastador. Disponível na Netflix, ele narra a história de Léo e Rémi, dois meninos de 13 anos cuja amizade próxima é posta à prova quando a sociedade começa a questionar a natureza de sua conexão. O que inicialmente é uma relação de carinho e cumplicidade, acaba se deteriorando pela pressão social e os comentários maldosos de seus colegas de escola, levando a consequências trágicas.
Muitos espectadores têm se perguntado se Close é inspirado em uma história real, dada a intensidade emocional e a autenticidade dos sentimentos retratados. No entanto, apesar de a narrativa não ser baseada em um caso específico, a trama se origina de experiências pessoais do diretor e de seu irmão, Michiel Dhont. Lukas relatou em entrevistas que suas próprias vivências como um jovem afeminado, além da sensação de exclusão e necessidade de pertencimento, ajudaram a moldar a história.
A autenticidade de Close é ampliada pelas inspirações artísticas e poéticas que sustentam a obra. Dhont mencionou que o filme encontra inspiração no poema “We Two Boys Together Clinging” de Walt Whitman e na pintura homônima de David Hockney, que quase batizou o longa. Essa referência ao “Jardim do Éden da infância”, onde o amor não precisa de rótulos, traduz o cerne do filme, revelando a pureza e a complexidade de uma amizade antes que as imposições sociais a transformem.
Dhont conduz o filme com delicadeza, colocando a câmera próxima dos personagens, o que reforça a intimidade e a vulnerabilidade de Léo e Rémi. As atuações são extremamente tocantes, especialmente no que diz respeito às nuances emocionais que os protagonistas precisam transmitir, desde a alegria infantil até a dor irreparável.
Close não apenas nos desafia a refletir sobre os efeitos destrutivos da pressão social sobre as amizades, mas também coloca em pauta a masculinidade e o comportamento afetivo entre meninos. O afastamento entre Léo e Rémi, impulsionado pelo medo de serem vistos de maneira inadequada, é o ponto de partida para uma espiral de sofrimento que questiona até onde a sociedade molda e distorce a pureza das relações.
Embora não seja uma história real, Close é uma representação visceral das lutas internas e externas que muitos jovens enfrentam ao tentarem se encaixar em padrões impostos. Dhont traz um drama que, ao mesmo tempo que emociona, provoca discussões sobre temas complexos, como sexualidade, bullying e as expectativas de gênero.
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